sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A sexta e o vinho...


Uma sexta feira sozinha com um copo de vinho pode ser um belo convite à refletir sobre a vida.
Não quero nesse momento escrever sobre nada em especial. Quero apenas deixar a alma flutuar para fora do corpo.
Permitir que a falta de sentido no mundo estabeleça conexões próprias e me leve para muito além de mim!
Uma sexta feira sozinha com um copo de vinho é, de maneira preciosa, uma sexta feira muito bem acompanhada, pois não há subterfúgios e nem atalhos para tomar.
É apenas uma sexta feira e apenas um copo de vinho!
Permitir que o vinho tinja a sexta feira, é permitir uma ousadia muito particular.
Não, não quero mais falar, quero apenas sentar e saborear ... o vinho... a vida!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Onde estão as suas memórias?



Lembro-me do dia que, após o sepultamento de minha avó, seguimos todos para sua casa, com o intuito de organizar seus objetos.
Surpreendentemente, toda sua vida material coube em uma única mala. Roupas,sapatos, cremes, algumas jóias e um livro de orações.
E agora, um ano depois, observo em minha volta. Diferentemente de minha vó, tenho uma necessidade de guardar minhas memórias. Parece impossível me desfazer de qualquer registro material daquilo que construiu minha história de vida.
Cartas, bilhetes de shows, papéis de balas e bombons apinham-se em caixas, guardadas sob o signo de preciosidades.
Tudo se mistura, e as manifestações visuais apontam como uma garantia de prova da minha passagem nesse mundo.
Ao mesmo tempo que valorizo a materialização de minha memória, transformo-as em vagas lembranças. E como já dito por outra pessoa, só lembramos porque esquecemos.
Minha avó guardou suas memórias lá mesmo, no espaço destinado à memória. E permitia gentilmente que fizéssemos excursões a ela.
Ao sentar ao seu lado, era como se ela nos desse a mão e nos transportasse para os cantinhos mais escondidos, embora iluminados, de sua alma. Foi um jeito bonito de conhecê-la. Pra ela, não era preciso mais nada. E para mim, ao menos, também não.
Algumas pessoas, dizem que as memórias não são confiáveis, que elas podem ser modificadas. Eu particularmente, como neta, colecionadora de lembranças e historiadora, prefiro pensar que elas são reinventadas.
Tem uma aura de ficção, que torna tudo mais agradável, e até mesmo suportável.
Guardar um papel de bala ganhado do menino mais bonito da escola é selecionar aquilo que se deseja pra sempre lembrar. E como se quer lembrar.
A memória mais bonita, deve ser guardada no coração e não em uma caixa decorada. Deve manter-se iluminada em nossa alma. As memórias mais bonitas não devem ser lembradas, porque não merecem ser esquecidas.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Carta a mim mesma!

Três Lagoas, 18 de Agosto de 2009-08-19


Olá Lú, como vai a vida?
Sei que essa pergunta é sempre feita, mas raramente a resposta esperada é a sincera. Pois eu gostaria muito de saber como você vai? Que caminhos anda tomando? Que sonhos anda tocando e quais anda desperdiçando?
Sabe, eu gostaria de voltar a saber mais sobre você. Pois sinto as vezes, que a vida tem nos distanciado. É como se a gente, tendo sido sempre a mesma pessoa, nos tornamos complexas e distantes.
Percebes que eu sou a única pessoa que realmente se preocupa com você? Observe com atenção e notarás o quanto que sofro com suas dores.
Eu, desse lado, vou vivendo cada dia de maneira única. Minha vida anda boa, anda bela. Mas às vezes, parece que estou morando numa casa bem encima do Monte Everest e por isso, tenho passado muito tempo sozinha.
É, eu cresci mesmo! Virei adulta, e adquiri os contornos da vida madura. Enquanto se amontoam contas pra pagar na mesa da sala, diminuem-se os cartões postais, os bilhetinhos de amizade e os correios elegantes.
Eu me lembro das nossas várias noitadas. Da época em que parecia que a vida seria curta demais, e devíamos aproveitar intensamente cada segundo. Você se lembra das noites insones pensando no futuro também?
Eu gosto da minha vida. Você gosta da sua, Lú? Eu tenho trabalhado muito, e apesar de fazer aquilo que gosto, nem sempre tenho tempo pro que gosto de fazer. Minha casinha é linda, não é como eu sonhava naquela época, mas nela cabe toda minha felicidade.
Eu tenho sido feliz. Mas também tenho me magoado. E não é raro descobrir que também consigo magoar.
Por onde você anda? Sente orgulho de mim?
Escreva-me um dia! Ou melhor....venha me visitar! Por que com você eu sou muito mais capaz.

Um grande beijo Lú! Sinto imensas saudades!!!